Quem foi o grande vencedor do Prêmio da Música Brasileira?

             De cara, eu já te respondo: Foi a M-Ú-S-I-CA!
            Que noite memorável! Noite essa que atingiu e superou todas as expectativas dos amantes da grande e boa música produzida em nosso país. Música essa que nos orgulha e nos faz enxergarmos de onde viemos e para onde queremos ir. Que nos faz ver que a nossa história é calcada em muita dor, superação, mas, principalmente, muito amor. Muito amor pelo que fazemos, e a música é um grande exemplo disso. A Música Popular Brasileira retrata em suas letras e canções, um povo guerreiro, lutador e que não desiste jamais, mesmo diante de todas as crises e percalços que a vida, incansavelmente, nos dará de presente. Mesmo que pareça clichê (mas não é), o que nos difere dos demais povos – sem parecer superiores ou medíocres – é a forma que encaramos a vida: com garra, mas com leveza. Com guerra, mas com paz. Com armas. Sim, armas! Utilizamos a nossa principal arma: a ESPERANÇA NUM FUTURO MELHOR, dia após dia. Essa é a grande verdade! (“Eita povo danado de bom!”, como se diz aqui em minhas terras).

Ney Matogrosso (Foto: Alice Venturi)
Quando falo em superação, sem perder o brilho no olhar, quero frisar aqui que o Prêmio da Música Brasileira deste ano, realizado no último dia 19/07, nos mostrou lindamente isso. A começar por escolher o homenageado da 28ª edição. Já foram homenageados Vinicius de Moraes, Dorival Caymmi, Maysa, Elizeth Cardoso, Luiz Gonzaga, Ângela Maria & Cauby Peixoto, Gilberto Gil, Elis Regina, Milton Nascimento, Rita Lee, Jackson do Pandeiro, Gal Costa, Ary Barroso, Lulu Santos, Baden Powell, Jair Rodrigues, Zé Ketti, Dominguinhos, Clara Nunes, Dona Ivone Lara, Noel Rosa, João Bosco, Tom Jobim, o gênero Samba, Maria Bethânia e Gonzaguinha, exatamente nessa ordem, respeitando o grande acervo e as variadas manifestações musicais inerentes ao nosso país, tão respeitado, musicalmente falando, no mundo. E dessa vez, foi nada mais, nada menos que Ney Matogrosso. Homenagem justíssima, não é mesmo?! E, mais lindo de tudo, era ver a simplicidade no olhar dele, de encantamento por estar vivendo aquilo tudo em vida. Por vezes, parecia que Ney não tinha noção da dimensão de sua arte e, tampouco, do amor e respeito que os brasileiros o tem. É realmente pra se orgulhar de sermos quem somos e sermos representados por alguém que superou todos os preconceitos por meio de sua arte. Isso que é superação!
            Porém, ainda temos outros tantos pontos que não podemos deixar de citar sobre essa noite inesquecível, que reuniu, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, os principais nomes da nossa música e admiradores da cultura nacional, em uma grande celebração. Passaram por esse palco secular nomes como Chico Buarque, Ivete Sangalo, Lenine, Alice Caymmi, Laila Garin, Pedro Luis, Karol Conka, Trio Madeira Brasil, BaianaSystem e o grande homenageado, Ney Matogrosso, além de dois nomes da arte brasileira, Zélia Duncan e Maitê Proença. Ambas admiradas por suas trajetórias, representaram bem a voz de nosso povo, mas não posso esquecer de dizer que Maitê deixou a desejar por sua condução, um tanto que, por vezes, dispersa e impessoal. Vindo dela, dessa grande atriz, poderíamos esperar mais, não é mesmo?!
            Mas, vamos voltar aos pontos especiais dessa noite tão heterogênea e igualitária ao mesmo tempo. Podemos ver 35 categorias sendo premiadas e diversos artistas sendo agraciados pelo público e pelos especialistas, por ricos trabalhos, de destaque e de continuidade da nossa cultura, o que é o mais importante de tudo. Por isso volto a dizer: o #PMB28 não foi unicamente um prêmio formal, mas sim, a reafirmação da valorização de um povo, que em meio à crise – de todos os níveis e escalões da sociedade civil democrática – se viu tendo motivos para celebrar. Motivos esses mais do quê justos, diga-se de passagem.
           
Ney Matogrosso (Foto: Alice Venturi)
Foram premiados nomes como Tom Zé, Fernanda Abreu, BaianaSystem, MPB 4, Lenine, Maria Bethânia, Orquestra Petrobras Sinfônica, Alessandra Maestrini, Zé Manoel, Alice Caymmi, Alceu Valença, Rael, Maria Gadú, Zezé di Camargo & Luciano, Odair José, Elza Soares, Ivete Sangalo, Casuarina, Roberta Sá e o grande Zeca Pagodinho. Do Rap ao Samba, o Brasil foi representado no #PMB28, e que coisa linda de se ver. Que orgulho saber que o nosso país, com toda essa misoginia, grita por todas as vozes, em um único coro: M-Ú-S-I-C-A  B-R-A-S-I-L-E-I-R-A!
            E foi esse mesmo povo, e essa mesma música, que fez o Prêmio da Música Brasileira acontecer, pois sem recurso nenhum, enfrentou todas as dificuldades e ‘fez acontecer’, como costumamos fazer em nosso dia a dia. José Maurício Machline, ou carinhosamente chamado Zé Maurício, é o idealizador desse importante prêmio e um amante da cultura brasileira, que dedicou 30 anos de sua vida à música, à televisão, ao teatro e à literatura, e mesmo diante de todas as controvérsias e um país mergulhado no caos social, econômico, político e democrático, enfrentou de cabeça erguida, e emocionado, transbordou sua alma no palco e superou o insuperável. Grande homem! E isso só foi capaz porque ele ama o que faz. (sei bem como é isso!).

Ney Matogrosso e Zé Maurício (Foto: Alice Venturi)
            
            Enfim, o 28º Prêmio da Música Brasileira ficou na memória. Foi lindo, admirável e grandioso, no sentindo mais íntimo que podemos dizer, pois ali ele falou a voz de todos os artistas, premiados ou não, mas que acreditam em seus sonhos, e ainda mais, um povo que acredita que uma nação só consegue ser uma grande nação valorizando suas raízes. E foi isso que esse evento nos mostrou, e que com isso, consigamos nos reabastecer daquilo que nos preenche, que nos orgulha e nos faz enxergar que somos bem mais fortes juntos. Viva à Música Popular Brasileira. Viva ao Brasil!

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