A Paraíba tem vez e voz

Os 10 melhores discos foram elencados, segundo o Jornal Correio da Paraíba


Nada melhor para o primeiro post de 2014 do quê falar de uma retrospectiva da nossa cultura paraibana, no que tange as produções musicais de destaque no nosso cenário artístico, firmando assim, dia após dia, como somos um celeiro de notáveis artistas, desde os contemporâneos, assim como os (se assim podemos dizer) “crias das crias”. Podemos ver Totonho sendo homenageado no Prêmio Sesc de Música Paraibana pelos seus mais de 30 anos de carreira, o lendário Zé Ramalho cantando com a banda mineira Sepultura no Rock in Rio, Gláucia Lima e os herdeiros de Adeildo Vieira – Uaná e Rudá Barreto – levarem a nossa música para o Festival Sahel, no Senegal, e ainda Lucy Alves sendo respeitada e ovacionada pela sua arte, sua música num reality show global. Nada mal, não?!

Caderno 2
(Jornal Correio da Paraíba)
Mas, enfocando um pouco mais, vamos utilizar como base a matéria especial do Caderno 2  de Cultura, do Jornal Correio da Paraíba, do último sábado (04), assinada pelo respeitado Jornalista Jãmarrí Nogueira, onde elenca os 10 melhores discos paraibanos de 2013. E neles estão grandes artistas e que mereceram está neste seleto grupo.
10 discos e 30 nomes contemplados nessa lista tão bem explanada, trazendo motivos reais para estarem nela. Pretendo apenas reforçar o conceito de cada banda, ampliando assim o desejo que os paraibanos conheçam seus produtos, que sejamos conscientes da nossa arte, da cultura em nosso Estado. E nesse momento, em especial, gostaria de começar com uma banda que acompanho de perto todo o esforço e prazer em levar o melhor de sua música para os paraibanos. Essa é a Abrad’ Os Zóio.

OS 10 MELHORES


Abrad’ Os Zóio
A ADZ nasceu em 2011, de uma forma um tanto que despretensiosa, e foi agregando aos poucos os seus componentes, até alcançar sua atual formação - Yuri Carvalho, Relações Públicas por formação e atuante na música desde a juventude, por meio do Coral Paraibano Voz Ativa (vocal), Pedro Medeiros, licenciado em Música e educador multi-instrumentista (Direção musical e guitarrista), Temy Vicente, atuante na música desde os anos 2000 (contrabaixo), George Glauber, mestre em música e educador musical (bateria) e Lucas Dan, bacharel em música e especialista em acordeom (teclado, percussão e sanfona).
Tem enquanto proposta levar o Funk-Rock-Oxente, uma mistura de ritmos num caldeirão efervescente, para todos os povos, disseminando assim, a diversidade cultural. Numa sonoridade impar, numa busca incessante pela qualidade vocal e por toda uma sensibilidade musical que faz o ouvinte se sentir embalado por essa bela homenagem à cidade que os viu nascer, os criou e que está abrindo os braços para receber a mais nova MPB – Música Paraibana Bacana da Abrad’ Os Zóio.
O primeiro trabalho autoral foi financiado pelo edital nº 001/2011, do Fundo Municipal de Cultura - FMC, promovido pela Fundação Cultural de João Pessoa – Funjope e tem as “bênçãos” artísticas da madrinha do grupo (se assim podemos dizer), Cátia de França, que faz um belo texto de apresentação no CD, e afirma, “essa irreverência, essa coragem de pular sem rede de segurança, dá a esses jovens, peculiar digital na música que se faz hoje na Paraíba. Preparem o coração e os pés para dançar muito. Esse CD vem para ganhar o MUNDO”.
Um som feito em louvor à cultura e às raízes paraibanas para o grande público, enaltecendo os nossos signos culturais, o nosso coco de roda, as nossas figuras sociais que fomentam a cultura do Estado, assim como unir o melhor do Rock, Funk, com a música regional, o Baião, o Maracatu, o Samba-groove e as várias nuances da grande MPB, que na visão da banda recebe um novo significado, sendo assim, a Música Paraibana Bacana. Como principais influências sonoras e poéticas, a banda leva na bagagem trabalhos de artistas como Djavan, Lenine, Rita Lee, O Rappa, Zeca Baleiro, Belchior, Vital Farias, Chico César, Pedro Osmar e diversos artistas paraibanos.

Val Donato & Os Cabeças
Primeira estrela do Rock paraibano, Val Donato já se tornou um dos ícones de quem faz música aqui no Estado. Em oito anos de carreira, escolheu trilhar esse caminho com muito respeito a si, e principalmente, à sua música, pois acredita que esse é o meio dos outros também a respeitarem enquanto artista. Amante da MPB, tem referências nas canções de Djavan, Milton Nascimento e Chico Buarque.
E assim, lançou “Val Donato & Os Cabeças”, seu primeiro disco, resultado de três anos de trabalho, que traz 12 composições autorais, sendo uma delas, Cargas, com a participação especial de Leoni. O dueto com o ex-Kid Abelha Leoni na segunda faixa é uma viagem ao bom rock oitentista brasileiro – os mesmos anos que trouxeram Val e o som de Leoni ao mundo. Dona de uma voz grave e rasgada, Val se revela uma intérprete marcante, comparada por vezes a Cássia Eller.
Café Amargo dá as boas-vindas à audição desse primeiro trabalho, mostrando qualidade vocal e instrumental. Já Pra mim, você assume a forma de poema musicado, com inclinações ao romantismo. O trabalho tem produção musical e arranjos de Giordano Frag. Destaque também para o violão e os solos de guitarra de Giordano Frag em Logo, logo. Para não perder a rebeldia, A Ditadura do Povo devolve ao público a cantora de veia pulsante das noites de apresentações nos barzinhos da orla. Rumo ao passado mais distante, Bem melhor tem acordes dos anos 70, sob a encomenda do cineasta André da Costa Pinto, para o longa paraibano Tudo Que Deus Criou.

Xisto Medeiros
O professor universitário e músico paraibano lançou seu mais recente trabalho, o CD Black Xistus, é uma obra musical de referência para o Estado da Paraíba e para o cenário artístico brasileiro. Com esta obra, o músico e compositor pretende levar ao público novas concepções estético-musicais. Não mais a apresentação da música paraibana somente pelo aspecto fenomênico, mas em conceitos mais contemporâneos e de interação com a arte da poesia e dos sentimentos que ela expressa. A música em ambição de completude, incorporando os signos que a modernidade exige, sem confiná-las em compartimentos pré-definidos.
O disco Black Xistus tem 13 faixas e conta com participações especiais de Lenine, Zeca Baleiro, Chico César, Lucy Alves & Clã Brasil, Rinah Souto, Totonho, Fabíola Medeiros e Richard Bona. A banda que acompanha Xisto é composta por Costinha (sax), Léo Meira (guitarra), Helinho Medeiros (sanfona), Junior Andrade (piano), Gleidson Meira (bateria) e Chiquinho Mino (percussão).

Seu Pereira & Coletivo 401
O grupo representa uma nova safra de artistas paraibanos. A banda apresenta um trabalho pautado na originalidade de suas canções autorais com uma força poética marcante, ritmo híbrido e letras que retratam o cotidiano da cidade. O coletivo 401 - coletivo metafórico - que carrega influências e ideias, faz referência ao coletivo 401 físico, que cruza a capital paraibana, da praia ao centro, carregando personagens reais, personagens como o próprio Seu Pereira. Passageiros que moem suas alegrias, angustias, sonhos e dúvidas, sempre com os olhos atentos na próxima parada. O som da banda carrega balanço e swing. É baião nervoso, é samba-rock nordestino e funk Paraíba.
Com 5 anos de formação, a banda já se apresentou nos principais festivais de música do Estado, e circulou por várias cidades do país, a exemplo de Natal, Brasília, Taguatinga, Goiânia e São Paulo. A banda também já se apresentou na África e na Europa.
Já lançou seu primeiro CD, com o mesmo do grupo, que traz 12 canções que retratam uma década; recortes da primeira década do século XXI com os seus ataques cardíacos, ataques terroristas, consumismo, silicone e poposudas. A arte da capa é assinada pelo desenhista de super-heróis da Marvel Mike, Deodato Jr.

Lucas Dourado
O cantor e compositor, integrante do grupo Troça Harmônica, estreou sua carreira solo com o álbum Motor Misterioso. Lucas é baiano, mas há 13 anos vive em João Pessoa. É possível encontrar neste primeiro álbum influências e inspirações do Clube da Esquina, Novos Baianos, Geraldo Azevedo, Moacir Santos e também da música africana. Além de Lucas Dourado (voz, guitarra e violão), a ficha técnica de Motor Misterioso é composta por Ruy José (bateria), Chico Limeira (baixo, guitarra, cavaquinho), Haley Guimarães (teclado, sintetizador e guitarra), Helinho Medeiros (teclado, sintetizador e acordeon), Uirá Garcia (guitarra), Macaxeira Acioli (percussão) e Pablo Ramires (percussão). Nos vocais, Polly Barros, Erica Maria e Gabriel Pereira.

Escurinho
Jonas Epifânio dos Santos Neto, o Escurinho, é compositor, cantor, percussionista e autor de trilhas para o teatro. Tinha a influência na infância da música e boemia de seu pai, mas foi nos anos 70 que a música veio com mais força, nos braços da Tropicália, criando nessa época o Grupo Ferradura, ao lado do músico e compositor Chico Cesar.
Um artista polivalente, das Artes Cênicas e da Música, Escurinho, mudou-se para a capital paraibana no começo dos anos 1980. Em 1995 lançou seu primeiro trabalho autoral, o “Labacê”, ao lado de Alex Madureira. O segundo disco, lançado em 2003, é “Malocage”. Em sua música há duas características marcantes: a temática social e a fusão de ritmos regionais com o pop, que ele simplifica dizendo: “tudo isso é a Música Popular Brasileira”.
O mais recente trabalho é o CD Princípio Básico, onde Escurinho assina a maioria das onze músicas que compõem o álbum, sendo outras canções parcerias suas com músicos e amigos de longas jornadas, como Alex Madureira, Adeildo Vieira, Marcos Fonseca e Milton Dornellas. Transitando entre sonoridades distintas, Escurinho transforma a música regional num verdadeiro caldeirão de culturas híbridas, criando fusão entre o rock e o hardcore e o universo popular, um mergulho profundo na sabedoria, nas expressões e manifestações da cultura do povo. “O Princípio Básico” também é o nome da música que abre o CD, canção que nos remete a criação do mundo e à necessidade universal de se comunicar, para diversos fins e em diversos momentos, desde os antepassados com seus tambores “ecoando na mata” ao “computador instalado na sala”, para a guerra ou diversão. Neste trabalho, a comunicação é um tema recorrente, o qual Escurinho lida de maneira habilidosa, sem desgastá-lo, sempre com um novo olhar. Em “Samba do Inglês” o músico ironiza de maneira divertida a importância da língua inglesa nos dias de hoje. O CD traz ainda participações de convidados especiais como Pablo Ramires, Azeitona, Helinho Medeiros e Rinah Souto.
A banda é formada pelo guitarrista Alex Madureira, o baixista Igor Ayres e o baterista Flávio Boy.

Beto Brito
Além de cantor, é compositor e escritor de cordéis. Seu currículo soma alguns discos, dezenas de cordéis, quatro livros paradidáticos e algumas centenas de músicas autorais. Ele ganhou destaque no cenário musical ao agregar a poesia do cordel, ao som da rabeca, modernizando seu trabalho com guitarras distorcidas, violas, zabumbas, cítaras e até grooves eletrônicos. Uma mistura sonora que proporciona uma agradável e curiosa experiência musical. E hoje é considerado como um dos maiores representantes da literatura de cordel no país.
Nas três últimas obras, Beto revive um pouco de tudo que já vivei ao longo de sua trajetória, em convivência com todas as influências da cultura popular do Nordeste, seus mitos, suas histórias e sonoridades típicas dos cantores, repentistas, cordelistas e rabequeiros dessa região.
O Correio da Noite é um misto de repente, peleja, côco, toré, baião, martelo, cordel, rabeca e viola. Um disco para o mundo, marcante, definitivo, atemporal, poético e percussivo; regional e contemporâneo; primitivo e transcendental.

Sandra Belê
Carrega em seu repertório o sentido de lembranças, saudades, emoções e tempos de outrora. A sua vivência com reisados, pastoris, aboios, benditos, romances e forrós lhe proporcionaram uma interpretação singular, da qual surge a forte identidade que carrega na voz quando interpreta as encantadoras obras de cancioneiro nordestino.
O mais recente trabalho, Prisma, vem com um tom despretensioso e agradável, dialogando com compositores contemporâneos locais e grandes nomes do cenário musical nordestino, além de experimentar uma aproximação com as novas tecnologias musicais, a exemplo dos samplers, bits e efeitos sonoros diversos.
As ideias e execuções sonoro musicais ficaram por conta do produtor do disco, Gree Merveine, que trouxe ao show um aspecto universal da música, sempre dialogando com as raízes da artista.

Socorro Lira
Uma cantora que perpassa pela música e poesia, pelo aboio e pelo mundo erudito, numa eterna motivação pelo “apaixonamento” pela vida e seus motivos.
A maturidade que traz tranquilidade e a natureza do tempo podemos sentir no CD Singelo tratado sobre a delicadeza é um álbum dedicado ao tema que o nomeia. São treze canções totalmente autorais. Esse é o trabalho da melhor cantora do 23º Prêmio de Música Brasileira, categoria Regional, promovido pelo MinC e a Vale.



Coletânea Music From Paraíba
Com o objetivo de difundir a música produzida na Paraíba, o Governo do Estado, por meio da Fundação Espaço Cultural da Paraíba – Funesc, abriu edital, e uma comissão julgadora selecionou, com base na qualidade estética, pertinência artística, potencial para circulação no mercado internacional e currículo do artista, 20 artistas da música e suas diferentes influências.
Os selecionados foram: Baião de Três, Nectar do Groove, Paulo Ró, Clã Brasil, Furmiga Dub, Socorro Lira, Sandra Belê, Beto Brito, Beto Preah Parahyba, Os Gonzagas, Sex on The Beach, Brasis, Sonora Samba Groove, Burro Morto, Seu Pereira e Coletivo 401, Armazém da Melodia Incompleta, Hazamat, La Gambiaja, Rieg e Grandphone Vancouver.

Acredito então, que com esse apanhado do cenário musical, o público poderá terminar de ler esse texto e procurar no Soundcloud, Letras.mus, Youtube todos esses artistas e os seus trabalhos autorais.
Sejam fãs da Cultura Paraibana antes de aparecerem no The Voice Brasil, ok?!


Até o próximo post, afinal #CulturaVivaComunica! 

Comentários

  1. Parabéns aa música paraibana que começa a fortalecer seu cenário e vejo que de maneira coletiva, com identidade e novas correntes.

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    1. Sandra,

      Isso é necessário e oportuno.
      O nosso Estado merece ser ouvido e respeitado pela sua rica arte.

      Obrigada pela leitura!

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