A Economia criativa é, de fato, o caminho para o desenvolvimento por meio da Cultura?
Em
aproximadamente um mês desde o início do Curso
de Formação de Gestores Culturais do Governo do Estado da Paraíba, muita
coisa já foi vista e debatida, desde a aula inaugural até as últimas aulas presenciais,
e posso dizer que antes de qualquer coisa é um privilégio fazer parte desse
seleto grupo de amantes da cultura e que acreditam que ela pode ser meio para
se atingir o tão sonhado desenvolvimento econômico-social de uma nação.
Cláudia Leitão e Anne Fernandes (Foto: Acervo) |
Nesse
primeiro momento, gostaria de pontuar a significativa importância de ter
conhecido a professora pesquisadora cearense e ex-secretária da Secretaria da
Economia Criativa do Minc, Cláudia Leitão, que nos trouxe todos os pontos
acerca da economia criativa e a sua implementação, durante a aula inaugural
desse curso de extensão.
O
Brasil só teve instituída a criação do Ministério da Cultura – MinC em 1995, sendo
assim, ainda aprendiz no caminhar rumo ao desenvolvimento de todas as políticas
públicas para a cultura. Teve enquanto padrinho desse momento o economista paraibano
e ex-ministro da Cultura, entre os anos de 1986 e 1988, no Governo de José
Sarney, Celso Furtado, que acreditava que o subdesenvolvimento é um processo estrutural específico e
não uma fase pela qual tenham passado os países hoje considerados desenvolvidos.
Já que, “quaisquer
que sejam as antinomias que se apresentem entre as visões da história que
emergem em uma sociedade, o processo de mudança social que chamamos desenvolvimento
adquire certa nitidez quando o relacionamos com a ideia de criatividade”,
afirma Celso Furtado (2008). Sendo
assim, via a necessidade de uma política de desenvolvimento econômico voltada
para o desenvolvimento social.
Ainda no ano de 2003, quando iniciou-se o
caminhar rumo a Economia Criativa, o então Ministro da Cultura Gilberto Gil,
que trouxe o ministério para o alcance da população, buscou o intercâmbio de
pensamento e anseios de todo um povo por cultura, para que as pessoas se
sentissem acolhidas e representadas. Defendia então a “cultura como tudo aquilo
que, no uso de qualquer coisa, se manifesta para além do mero valor de uso. Cultura
como aquilo que, em cada objeto que produzimos, transcende o meramente técnico.
Cultura como usina de símbolos de um povo. Cultura como conjunto de signos de
cada comunidade e de toda a nação. Cultura como o sentido de nossos atos, a
soma de nossos gestos, o senso de nosso jeitos”, disse em seu discurso de
posse, Gilberto Gil (2003). Sem dúvida, um homem sensível, a luz de seu tempo, que
foi a ‘cara’ de muitos brasileiros ao longo desse processo e que sempre
defendeu a força da criatividade popular brasileira.
Explanação sobre o Plano Brasil Criativo (Foto: Acervo) |
No plano da secretaria da economia criativa, o Plano Brasil Criativo, que
tem o período de 2011 a 2014 como o primeiro triênio desse planejamento, nos
dar todas as políticas, diretrizes e ações a serem desenvolvidas para alcançar
o objetivo principal, ser considerada um eixo estratégico de desenvolvimento
para os diversos países e continentes, no novo século. Constituído assim, esse
plano inovador busca construir e consolidar uma nova cidadania através da
criatividade, onde o desenvolvimento regional é compreendido como sendo um
processo multidimensional que envolve a sociedade e sua história e suas relações
no que tange ao desenvolvimento local e regional a partir de uma nova economia
produzida pelos segmentos criativos brasileiros.
Portanto, o Brasil, que é naturalmente um país
reconhecido mundialmente pela sua diversidade cultural e potencial criativo,
precisa se valer das linguagens artísticas, das populares, das tecnologias da
informação, da indústria da moda, da música, do cinema, da literatura para
juntos, produzir novas formas de construir um cenário competitivo dentro do
leque de países desenvolvidos, assim como um produtor e exportador de bens e
serviços criativos.
Sendo utópico ou não esse pensamento, é a mesma
paixão que ouvi e senti da boca da Professora Claudia Leitão, é a mesma que me
motiva a acreditar que tudo isso é possível. Que o nosso país, em sua imensidão
de qualidades e valores culturais, mesmo em detrimento de todas as mazelas que
o assombra, é capaz de se reinventar e criar um Brasil com mais ética, menos
amadorismo e com uma economia criativa calcada na inclusão social, na sustentabilidade,
na inovação e na diversidade cultural brasileira.
Que a nossa cultura seja o eixo de desenvolvimento
econômico do Brasil. Que o nosso país tenha a cara do nosso povo. Que nosso
povo seja o reflexo do nosso país. Que essa mesma nação seja a própria
diversidade cultural respeitada por todos os brasileiros e por aqueles que
ainda não admiram a força desse país, pois como disse o historiador,
antropólogo, advogado e jornalista brasileiro, Câmara Cascudo, “o melhor do
Brasil é o brasileiro”. E eu acredito nisso!
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